Se colocar juniores a competir contra seniores é questionável, fazê-lo sem árbitros oficiais revela uma grande irresponsabilidade dos agentes desportivos, de que a AAL/FPA não pode alhear-se.
No jogo de Alverca, após meia hora de espera pelos árbitros oficiais (que desde logo se percebeu que não iam comparecer), apresentou-se em campo um jovem vindo não se sabe de onde, cujo nome e credenciais desconheço e que, ao que parece, nem sequer consta da ficha oficial de jogo o que, a ser verdade, constitui uma infracção ao Regulamento Geral da FPA e Associações que rege este tipo de provas (nomeadamente ao art.º 23º nº 1 alínea e).
A situação é ainda mais estranha porque como Oficial de Mesa do jogo esteve … um árbitro! Na falta de árbitros oficiais manda o regulamento (art.º 21º) que o jogo seja conduzido por um árbitro que esteja presente no recinto. Fica por explicar porque é que o árbitro David Silva ficou como oficial de mesa e não deu cumprimento ao que está regulamentado, entregando a responsabilidade da arbitragem a um elemento que nem sequer identificou na Ficha de Jogo.
Feitas estas considerações prévias falemos então do jogo. A UJ Alverca venceu com justiça mas a margem é enganadora do que se passou em campo. Na realidade a UJ Alverca sentiu grandes dificuldades durante toda a 1ª parte e só na 2ª parte é que conseguiu impor-se, mercê de uma estratégia errada do CD Mafra e do desgaste físico dos seus jogadores.
O CD Mafra apresentou-se em Alverca com apenas 8 jogadores: 7 juniores de 18 anos (dos quais 2 jogam andebol pelo 1º ano) e o juvenil João Duarte. Do lado da UJ Alverca, 11 seniores…
Como vem sendo habitual, a nossa equipa entrou a vencer no jogo e jogando sempre em grande velocidade, manteve-se com uma ligeira vantagem (2 golos) durante quase toda a 1ª parte. Apostando sempre na rapidez, o CDM conseguiu fazer alguns golos na sequência da reposição de bola em jogo de cada vez que sofria um golo, com os nossos jogadores a surgirem a rematar aos 6 metros antes da defesa do Alverca conseguir recuperar. O “habilidoso” árbitro afecto à equipa da UJA - que fez toda a partida de mão no bolso - rapidamente acabou com essa estratégia, inventando faltas a meio campo, para uma ou para outra equipa, ou ordenando repetições de reposição de bola em jogo, de modo a que a menos rápida defesa do Alverca conseguisse recuperar.
Aos 28 minutos quando o CD Mafra vencia por 12-10 (com 8 golos do André Carioca, 3 do Miguel Gomes e um do João Fiúza) o referido “árbitro” assinalou livre de 7m a favor da UJA e decidiu excluir o André Carioca. Esta decisão não se questionava se o árbitro até aí tivesse usado o mesmo critério em lances semelhantes… O livre foi convertido e a nossa equipa ressentiu-se da falta do “patrão” da defesa, acabando por ir para o intervalo a perder por 14-12, resultado injusto para o que as equipas demonstraram na 1ª parte.
A 2ª parte foi um pesadelo para os nossos jogadores e a equipa da casa acabou por justificar totalmente a vitória na partida. Limitado na actuação por falta de opções de banco, o treinador João Augusto iniciou a 2ª parte com uma estratégia de marcação individual e, tal como aconteceu nos jogos em que essa estratégia foi aplicada, o adversário foi alargando a vantagem. A estratégia acabou por ser abandonada mas, deixou marcas nos nossos jovens jogadores. Totalmente exaustos e desgastados, os últimos 5 minutos de jogo foram penosos para a nossa equipa, que não mais conseguiu marcar e sofreu 5 golos. Animada pelo público - constituído maioritariamente pelos jogadores da equipa de juvenis que foram incansáveis no apoio - a equipa de Alverca fez o que quis do jogo.
A equipa da UJ Alverca é muito homogénea em termos individuais com um bom lote de jogadores muito empenhados e combativos. Deram nas vistas o guarda-redes treinador Bruno Pinto (parabéns pelo belo golo!) e o nº 15 Sandro Antunes, jogador de elevada estatura, boa técnica e com um bom remate aos 9m.
No CD Mafra destaque para o André Carioca (10 golos) que realizou o seu melhor jogo desta época. O João Fiúza e o Rodrigo Bento estiveram em muito bom nível. Os estreantes Tiago Miranda e Francisco Saragoça revelaram uma boa progressão. Um pouco abaixo do habitual estiveram o Pedro Mota (ressentiu-se da falta dos treinos semanais, a que infelizmente não pode estar presente), o João Duarte (foi o seu 1º jogo frente a seniores) e o Miguel Gomes (não conseguiu alhear-se das “tricas” da partida e perdeu a concentração).
Num jogo tecnicamente fraco valeu a fantástica entrega dos jogadores de ambas as equipas e o entusiasmo do público de Alverca.
Obviamente que o CD Mafra não perdeu por culpa do árbitro – perdeu porque a UJA foi superior – mas, é lamentável que num jogo que opõe juniores a seniores não haja uma preocupação acrescida para que os árbitros oficiais estejam presentes. Nota final de apreço para o José Mota do CDM que se voluntariou para árbitro tendo estado bem, como sempre!